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“E continuaremos tendo alunos analfabetos” 43726x

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O desafio urgente da aprovação automática no Brasil  2t1k2h

Por João Carlos Velásquez 

Não estou aqui para discutir teorias pedagógicas, mas sim discutir o que fazer enquanto formamos gerações de crianças, jovens e adolescentes incapazes em ler uma receita médica, calcular juros do cartão ou entender um contrato de trabalho. Esta não é uma crítica – é um alerta no meu ponto de vista. Nossas crianças não são estatísticas. São vidas que estamos condenando à exclusão social. O Brasil precisa escolher: queremos diplomas ou aprendizagem? Papel ado ou cidadãos preparados? A hora da decisão é agora – antes que a próxima geração nos cobrem no tribunal da história.

Há dias tenho ensaiado a abordar assunto sobre a Educação, mas sem me atrever ser o melhor, apenas colocar algumas vírgulas necessárias, reticências talvez, ponto e vírgula ou quem sabe um ponto final, pois há necessidade em analisar os problemas o quanto antes, que deverá somar para a criança, que ainda está engatinhando (e como) no ensino básico, ai me refiro ao 1º ao 5º ano (a base de tudo), fase crucial onde se constrói o futuro educacional e então não me coloco a criticar entidades ou ente federados, mas uma visão do meu dia a dia, olhando cada criança e as necessidades inerentes ao aprendizado.

Não se trata de criticar gestão escolar, municípios (prefeitos), estados (governadores) ou a União (presidente ou Ministro), mas de expor uma realidade que vejo diariamente e creio eu que é em todo o país: crianças do 1º ao 5º ano, ainda “engatinhando” no ensino básico, sendo empurradas para séries seguintes sem dominar o mínimo necessário. E, pior, jovens que chegam ao final do ensino fundamental sem conseguir fazer uma conta simples ou entender o que leem ou mesmo sabem escrever seus nomes. 

A raiz do problema: aprovação sem aprendizado

Há anos observo professores batalhando para ensinar, muitas vezes em vão, porque o sistema não permite que o aluno seja retido, mesmo quando não aprendeu. Cada criança é um universo, com seu ritmo e suas dificuldades, mas a política atual ignora isso. Em vez de corrigir as falhas na base, o modelo atual apenas as camufla, criando uma cascata de defasagens que se acumulam ano após ano. 

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a criança só reprova se for retida em quatro disciplinas. Caso contrário, segue adiante, mesmo com notas baixíssimas em português e matemática, na maioria das vezes, nem chegando a média exigida para a sua aprovação. O resultado? Alunos que chegam ao 6º, 7º ano — e até ao ensino médio — sem dominar o básico. Muitos desistem antes de concluir o fundamental II, engrossando as estatísticas da evasão escolar. 

O mito da progressão continuada 

A ideia por trás da aprovação automática era nobre: evitar a repetência em massa e reduzir a evasão. Mas, sem mecanismos eficazes de reforço escolar, virou um atalho perigoso. O aluno a de ano, mas não aprende. E quando percebe que está defasado, já é tarde — muitas vezes, abandona a escola. 

Dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) mostram que mais da metade dos estudantes do 5º ano não atinge o nível adequado em leitura. E, mesmo assim, seguem avançando. “É como construir uma casa sem alicerce. Uma hora, tudo desaba”, penso eu como educador que estou e que busca soluções aos enfrentamentos atuais dos alunos que estão com deficiência no aprendizado.

Temos escolas maravilhosas, humanamente e estruturalmente, professores altamente capacitados para transmitirem seus conhecimentos, mas o numero de alunos com dificuldades tem crescido e muito, principalmente aqueles oriundos de outras localidades do estado. É preciso olharmos com “outros olhos” e correr em busca de soluções que possam contemplar a educação dessas crianças e assim possamos reverter esse quadro.

O que pode ser feito?

Alguns pontos aqui destaco o que pode ser realizado para que esses fatos não sejam repetidos, mas que há necessidade da união dos poderes constituídos e não somente da Gestão Escolar, com contratação de apoio pedagógicos permanentes e não adianta apenas um professor que venha esporadicamente na escola e que possa alfabetizar essas crianças:

1. Fim da aprovação automática sem critérios – Se o aluno não aprendeu, deve ter reforço imediato, não apenas ser “empurrado” para a próxima série.   

2. Avaliações diagnósticas rigorosas – Identificar as dificuldades no início do ano e agir antes que seja tarde. 

3. Apoio pedagógico real – Professores precisam de recursos e tempo para trabalhar com alunos em dificuldade. 

4. Responsabilização compartilhada – Municípios, estados e União devem agir juntos, com políticas nacionais claras. Principalmente a participação das famílias, que sempre estão deixando de lado o seu filho, sendo a escola responsável (no entender deles) por educar seus filhos e não ensinar-lhes, preparando-os para a vida. 

Ou mudamos agora, ou o problema só vai piorar 

Enquanto o Brasil não encarar esse debate com seriedade, continuaremos formando gerações de “analfabetos funcionais”. Crianças que, no futuro, não conseguirão preencher um formulário, entender uma notícia ou calcular um desconto. A educação básica é o alicerce de tudo. Se ela falha, todo o resto desmorona. E não há tempo a perder: ou agimos hoje, ou amanhã será tarde demais. 

João Carlos Velásquez é Jornalista e aprendiz de Professor e escrevo sobre os desafios do ensino no Brasil.

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